11 de nov. de 2009

Serras da Desordem

Serras da Desordem, Brasil, 2006

Existem duas formas de se contar uma história: as lidas e as sentidas. Uma cultura não a outra senão com os olhos do preconceito, para tanto o que Andrea Tonacci faz em "Serras da Desordem" é colocar as emoções em sintonia, um ponto de interseção entre duas culturas, que permite passar de uma a outra, sendo ambas irredutíveis.

O fato inicial é de uma trágica banalidade no Brasil - o massacre de uma tribo indígena por brancos que cobiçam suas terras e o que elas contêm. Quem escapa da matança é o índio Carapiru, que se torna nômade e perambula pela mata do Brasil central, até ser encontrado, 10 anos mais tarde, vivendo com brancos que não falam a sua língua, a 2 mil quilômetros de onde sua família foi dizimada. Uma experiência de estranhamento radical.

A mistura entre o registro documental e ficcional, a utilização dos próprios personagens na reencenação de sua história e as seqüências de montagem e sobreposições de imagens colaboram para uma experiência de imersão nesse registro audiovisual.

Exibido na Mostra Internacional de Cinema (2006), o filme, que reconstitui os fatos e circula por tempos históricos diversos, foi premiado em diversos festivais desde 2006, lançado em 2008 com duas cópias e virou objeto do primeiro livro da Coleção Odeon, uma parceria da Azougue Editorial e Safo Produções Literárias.

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